EM JANDIRA P BORDIGNON - Ótimas notícias... Péssimas notícias

PRIMEIRO, AS BOAS NOTÍCIAS - Estive ontem, na EM Jandira P Bordignon, para a palestra de repasse do Projeto Escola da Paz, com os pais dos alunos. Apesar das dificuldades da escola, e do inconformismo dos pais, com a demora para solução dos problemas (que vcs entenderão melhor na continuidade deste post), tivemos uma palestra proveitosa, participativa e que trouxe entusiasmo àqueles pais, muitos agradecendo pelos esclarecimentos e alguns reafirmando mudanças alcançadas pelo Projeto, em suas famílias. Os pais ficaram muito satisfeitos - eles não sabiam - com a participação massiva dos alunos do Jandira no Dia do Respeito ao Mestre. Além de fazerem festividades que incluíram um almoço, os alunos (depois de alertados pelos Agentes da Cedadania sobre a importância do ato) efetuaram a operação "Em Pé para o Mestre", com aplausos e emoção. Saíram estimulados a estimular os filhos para o repasse com os alunos, que eu faria hoje pela manhã... Mas, aí, veio a madrugada do temporal... e chegam então as más notícias.

AS PÉSSIMAS NOTÍCAS - Quando cheguei para a palestra dos alunos, não havia alunos. A direção da escola teve que manda-los para casa, pela total falta de condições da escola. As fotos abaixo mostram o estado em que encontrei a unidade. A chuva alagou salas, destruiu mobiliário, trouxe lama e sujeira. Ficou mesmo inviável o funcionamento.

 

O problema é que a EM Jandira P Bordignon funciona num prédio triste, horroroso. Uma fábrica desativada que não foi adequada pra funcionar como unidade escolar. A construção é feia, suja, tem escadas com degraus assimétricos e gigantescos onde transitam crianças sobre grande risco. A iluminação e a ventilação interna são prejudicadas pelo pé direito elevado. Há vidros quebrados, paredes em chapisco grosso que acumulam poeira (e não haverá equipe de apoio que dê conta de uma limpeza assim, principalmente quando a equipe de apoio está incompleta ou funciona por regime de contratação). Há infiltrações, quebraduras, buracos e rachaduras. No prédio, há um transformador de alta voltagem, que - óbvio - oferece grave risco à segurança de crianças e adolescentes.

 

Todos esses problema estruturais são objeto de uma ação judicial. O Ministério público já recebera um relatório meu, recebeu outro hoje, além dos relatórios que os próprios técnicos do MP elaboraram. A Prefeitura já realizou licitação para o projeto, e uma engenheira da empresa vencedora tem ido à escola para fazer as primeira avaliações. Tudo muito demorado, principalmente porque já beira a década a situação nefasta em que se encontra a escola.

 

Com tudo desse jeito, o lamaçal tomando conta da escola, os professores, hoje cedo, arregaçaram as mangas e foram ajudar na limpeza. É claro que isso não é tarefa de professor. Mas é tarefa de gente solidária que ama o seu trabalho, e a equipe da escola se uniu nessa hora difícil. Aliás, há que haver muita motivação pra manter uma equipe assim trabalhando em tais condições.

 

Sei que a Prefeitura e o MP tem envidado esforços, mas é evidente que é uma situação de calamidade, de risco e de lesão de direitos de crianças, adolescentes, suas famílias e dos integrantes da equipe escolar. Algo precisa ser feito para se acelerar a solução definitiva do problema. Há toda uma geração de aluno que, conseguindo a façanha, de naquela escola chegar ao 9º ano, vai dali sair para o ensino médio sem jamais ter conhecido uma escola fundamental digna.

 

O Projeto Escola da Paz visa a melhorar o ambiente escolar, produzindo ações de solidariedade e respeito que impeçam a proliferação da indisciplina e da violência. Mas o primeiro passo para tudo isso é que o ambiente físico seja, ao menos, adequado.

 

Portanto, que venham as providências necessárias. A mim, como cidadão, me envergonha passar em frente a essa escola e ver a sua situação de abandono pelo poder público.  Parece o quê, uma fábrica assombrada, um presídio velho? Não sei.

 

Mas não sou do tipo que reclama e nada faz. Enviei as fotos e essas preocupações  ao Ministério Público. Peço-lhes urgência. Sugeri aos pais que constituam comissão para acompanhar o andamento as soluções. Sugiro o mesmo aos alunos. E peço a todos que mantenham o ânimo e a disposição e luta. Porque mesmo debaixo dessas fissuras, infiltrações e rachaduras, uma coisa existe, de bonito: ali há uma escola. E mesmo no meio do quase escombro que é a unidade, eles realizaram o Dia do Respeito ao Mestre, vão participar da Caminhada das Escolas da Paz, fizeram um Festival de Talentos, estão começando o Projeto Gentileza (do Escola da Paz), caminham para criar a associação de alunos. Eles lutam. Eles não desistem. Assim é que se faz. Parabéns a vocês, da Jandira P. Bordignon porque me inspiram a prosseguir. Se vcs, com tantas dificuldades conseguem, porque nós outros, com situações tão mais favoráveis, não conseguiremos? Pense nisso.