foto Simone Mattos - reunião final na EM Paula Buarque
O Projeto ESCOLA DA PAZ, trabalhando o conceito de CIDADANIA ESCOLAR, visa a resgatar a autoridade dos pais, o respeito à escola e o senso de protagonismo dos alunos, que passa por obediência e compromisso. Saiba como funciona no Caderno de Apresentação e Orientações, em link na coluna à direita. - - : denilsoncdearaujo@gmail.com
O PROJETO ESCOLA DA PAZ, POR MIM CRIADO, E NO QUAL ATUAVA EM REPRESENTAÇÃO DA VARA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE DE PETRÓPOLIS, FOI ENCERRADO.SE VOCÊ O ESTÁ CONHECENDO NESTA VISITA, FIQUE À VONTADE E VISITE O BLOG. HÁ MUITA COISA QUE PODE SER ÚTIL A VOCÊ, À SUA FAMÍLIA E À SUA ESCOLA. FOI UMA AVENTURA MUITO LINDA. COMPROVE.ESTAMOS REPENSANDO UM OUTRO MODELO A SER IMPLANTANDO, COM PARCERIA DA OSCIP "REVIVAS".POR ORA, SE DESEJAR ACOMPANHAR AS MINHAS ATIVIDADES E PALESTRAS, VÁ AO MEU BLOG PESSOAL: http://denilsoncdearaujo.blogspot.com/Obrigado! DenIlson Cardoso de Araújo.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

PAI E MÃE, OURO DE MINA

Denilson Cardoso de Araújo
 
Criança precisa de mãe. Certa vez escrevi que Deus podia, para esse encargo de completar a divina criação, ter enviado arcanjos. Preferiu mandar mães, que têm o mistério do útero - eis que útero existe, mesmo na mãe que adota, e até na mulher que o extraiu. Condição feminina, de química própria, especial, que permite o enlace primordial da maternidade: -nascido o filho, o coração materno vai residir fora do peito.
Criança precisa de pai. Sem o privilégio uterino, pais são mães mais doídas, pus numa crônica. Homem deu semente, somente. Precisa “adotar” o ser que vem no corpo da mãe, Freud ensinou. Dizer “meu filho” constitui novo ser. Mais intensa missão. Fio de cabelo, a distância entre pai e filho. A ser vencida, em afetos, em exemplo, palavra e abraços. Abraço que encosta coração em coração.

 
Criança precisa de pai e mãe. As exceções, que as há, não permitem desmentido da regra. Sábio é Deus. Colo de mãe e abraço de pai se completam no artesanato da personalidade, no laborar ninho adequado para o ser novo que vai herdar-lhes olhar, nariz, virtude e mazelas. Mãe é seio, colo, beijo, abrigo, afago, colher de xarope na madrugada. Pai é abraço, aventura, hierarquia, voo do filho atirado para o alto, que aterrissa nos braços que dão confiança.

Minha tendência, frente a um auditório de pais e mães, é parabenizar. Pessoas especiais, a quem Deus concedeu esculpir matéria viva, olaria de barro indócil que respira, confronta e assim se forma. O filho surge, os pais agem, o filho reage, e neste jogo, quem ensina, na verdade, porque aprende, interage.

Mas, às vezes, hesito frente à plateia. Sorrateiro, um sentimento de susto, a notícia de tantos fracassos, a realidade de destroçadas famílias... Penso em dar pêsames (...)
 
LEIA O RESTANTE NO LINK ABAIXO

quinta-feira, 16 de maio de 2013

SE LIGA aí, pessoal! - CALENDÁRIO DE RETA FINAL

CALENDÁRIO DE RETA FINAL do 1º semestre de 2013

ATUALIZADO CONFORME E-MAIL ENVIADO HOJE ÀS ESCOLAS*

 
>03/06/2013 (2ª feira) - 09:30 - No Fórum da Barão (Sala da ESAJ) - REUNIÃO com as Escolas;
 
>06 e 07/06/2013 (5ª e 6ª feiras) - entre 12:30 e 17:30 hs - No Fórum da Barão (Sala da ESAJ) - TREINAMENTO dos Agentes da Cidadania Escolar (dois de cada Escola que recebeu o Projeto pela primeira vez, mais aqueles das demais escolas, que substituirão os Agentes que precisem ser substituídos por desistência ou saída da Escola)

 >10 e 11/06/2013 - (2ª e 3ª feiras) nas próprias escolas - PRÁTICA dos Agentes treinados, com visita às salas e/ou reunião de todos os alunos para que os Agentes se manifestem e defendam suas propostas;
 
>12/06/2013 (4ª feiras) - 16:30 - Cerimônia de ENCERRAMENTO - no Teatro Santa Cecília. A cerimônia será presidida pelo Juiz Dr Alexandre Teixeira, e contará com a presença da Secretaria de Educação. Na reunião do dia 03/06 combinaremos os critérios de participação. Pretende-se que haja delegações de todas as escolas que participam/participaram do Projeto.
 

Observações

--Promova desde já as eleições para escolha ou substituição dos Agentes da Cidadania Escolar que serão treinados;

--Comece a pensar na caravana da sua escola, para participar da Cerimônia do Teatro Santa Cecília, que contará com a presença (já agendada por ele) do Juiz da Vara da Infância e da Juventude, Dr Alexandre Teixeira. Como o teatro é grande, haverá uma cota de público para as escolas, inclusive as que não receberão diplomas, mas que promoveram realizações do Projeto neste semestre, afora algumas delegações que serão convidadas
.

 
*.*

*Relação de Escolas:

Guerra Peixe, Hercília Henriques Moreira, Abelardo Delamare, Bataillard, Clemente Fernandes, João Kopke, Odette Fonseca, Gov Marcelo Alencar, Jorge Amado, Rosemira de Oliveira Cavalcanti, Amélia Antunes Rabello, Augusto Pugnaloni, Dr. Paula Buarque, Dr. Theodoro Machado, Geraldo Ventura Dias, Pref Jamil Sabrá, Liceu Municipal Carlos Chagas Filho, Ver. José Fernandes da Silva, Sérgio Ribeiro Rocha, Américo Fernandes Ribeiro , Profª. Jandira Peixoto Bordignon, Mons. João de Deus , Johann Noel, Stefan Zweig, Sen Mario Martins, Rubens Castro Bomtempo , Gunnar Vingren, Germano Valente - COMAC, Padre Corrêa, Paroquial Lot. Samambaia, São Geraldo, Sta Terezinha, Dom Cintra, Luiz Carlos Soares, Fábrica do Saber, Beatriz Zaleski, Dom Pedro de Alcântara.

QUE MEU FILHO NÃO PASSE POR ISSO

Denilson Cardoso de Araújo

Para concisão de título, resumi a frase costumeira, que diz: “não queria que meu filho passasse o que eu passei”. Não é frase má, em si. Afinal, quem passou fomes, pestes, desabrigos, tragédias, têm muita razão de buscar a prática da protetora prudência que a frase anuncia. Evitar que filhos percorram vales da sombra da morte é parte das tarefas parentais.

O problema se dá quando a conjugação de uma pedagogia de amor meloso, conjugada com leitura insana dos direitos infantojuvenis, e estimulada por uma mídia que sequestra proles para descaminhos de sexualidade animal, culto aos desejos, relaxamento de autoridade, leva pais a pronunciarem essa frase se referindo não à tragédia, mas sim aos pequenos dramas corriqueiros, necessários à constituição do ser.

Em palestras para pais faço sempre a ressalva importante. Trate bem o seu filho, pai! Cuide bem sua prole, mãe! Se puder, evite que tenha que dormir no chão ou sob goteiras. Se puder, evite que tenha que comer pedra. Impeça que tenha que rasgar-se em deslizamentos. Impeça os sofreres cruéis. Mas, pai querido! Mãe amada! Jamais retire as pedras inerentes ao caminho que teu filho escolheu, ou as corriqueiras rochas que a vida a todos reserva! Quem não aprende a pisar rochedos, não encoura o pé. Quem nunca tropeça, não aprende a cair. Quem jamais padeceu quedas, jamais aprenderá a dignidade de levantar-se e começar de novo.

Temos pais e mães que, na ânsia de “fazer bem” aos filhos, cometem homeopáticos assassinatos da sua personalidade. São pais e mães que andam de chinelos para que o filho use tênis de marca. Que fazem prestações impossíveis para que o filho tenha o tablet que, chantageou ele, “todo mundo tem”. Os que se esfalfam de trabalhar para custear ao filho aulas de teatro, sapateado, origami, kumon e javanês. Um dia, chega a mãe em casa e pergunta, quem é mesmo este rapaz, desconhecendo aquele que saiu de seu ventre.

Filhos criados sem qualquer dificuldade se tornam reis da cocada preta sem merecimentos. Nobrezas sem lastro. Príncipes do nada. Gastadores irresponsáveis. Debulharão eventual fortuna ou economia familiar, como quem atira milho ao galinheiro, porque jamais conheceram a dor das mãos no cavoucar lavoura ou o corte na pele ao colher espigas. A miséria será sombra desse filho frouxo que jamais viu peso nos ombros.

Costumo bradar aos pais com muita ênfase... Qual o problema? Ah, você teve que andar à pé pro trabalho porque faltou dinheiro pro ônibus? Teve que usar sapato furado, forrando o fundo com jornal? Teve que lavar roupa de tarde pra usar no outro dia de manhã, porque o guarda-roupa era escasso? Teve que comer sopa de folhagens ralas do próprio acanhado quintal porque não houve dinheiro pra feira? Quando jovem teve que trabalhar quando todos os colegas iam passear depois da escola? Passou tempos de uma só refeição por dia? Sim, e daí, meu amigo? Você não está aqui, lúcido, digno, ouvindo essa palestra, vestido, alimentado, com trabalho, criou filhos, os trouxe à escola? Por mais que ainda lhe seja difícil a vida, não obteve você vitórias sobre aquelas dificuldades? Então! Não foi a facilidade que te trouxe aqui, que te vestiu e pôs comida na sua mesa! Foi a dificuldade! Ela é que nos constrói! Orgulhe-se, pai, orgulhe-se mãe, das dificuldades vencidas, que te fizeram pessoa mais valorosa!

Portanto, não queira filho faminto ou tuberculoso. Lute contra a miséria, mas queira um filho que de vez em quando, se você tem carro, vai ter que andar de ônibus pra saber o que é sofrer transporte público ruim! Que vai ter que, de vez em quando, mesmo que você tenha dinheiro pra dar, ficar sem dinheiro para o ônibus, para aprender com quem caminha até ao trabalho, como é esse lidar. Um filho que nas férias, ao invés de ficar na rua soltando pipa o dia inteiro, ou de ir à Disney abraçar o Mickey, vai trabalhar para ajudar as finanças da família. Serão mais fortes filhos que não ganharão carros bacanas apenas porque passaram na faculdade. Serão melhores adultos as crianças que não terão celulares desnecessários, precoces elementos de frívolo status exibicionista.

O caráter precisa exercitar a musculatura. A academia do caráter é a dificuldade. Que não se queira para os filhos a penúria perene é correto, saudável e necessário. Mas, assim como a águia atira fora do ninho, ao susto da queda, os filhotes que hesitam em sair para aprender a voar, melhores seres humanos serão filhos de pais que, não só não os cobrem de requintes e facilidades, como ainda os brindam com a escola da dificuldade controlada.

Todo mundo deve recordar que o assassino de Isabela Nardoni, após atirar a filha pela janela, correu a chamar o pai para desatar o hediondo nó que amarrara. Típico do “filhinho de papai” que passou a vida tendo quem lhe abrisse portas, desobstruísse caminhos, aplainasse a estrada. Agora sim, repita comigo: Que meu filho não passe por isso!

Fotos da E.M. FÁBRICA DO SABER

A Fábrica do Saber também mandou muito bem! Vejam as fotos:
 
Olha que interessantes, os cartazes que anunciavam o Projeto, antes que ele lá chegasse
 
 
 
 Reunião com os Professores
 
 
 
 
Reunião com os pais:
 
  
  
 
 
Reuniões com os alunos:
 
  
 
 
 
Homenagem à Equipe Escolar
 
 
 A Escola toda, de mãos dadas para o encerramento
 


segunda-feira, 13 de maio de 2013

FOTOS DA E.M. DOM CINTRA

 
 
 
 
 A Escola Municipal Dom Manoel Pedro da Cunha Cintra deu um show de preparo e organização no Projeto Escola da Paz. Cumprindo fielmente os compromissos assumidos através da assinatura da ficha de inscrição, eles, como se vê das fotos:

  • Tiveram a preocupação de criar expectativas, através dos cartazes  anunciando que "algo" ia acontecer;
  • Fizeram um trabalho sobre as "palavras mágicas do convívio social", com um bonito painel, que utilizei durante a palestra com os alunos;
  • Promoveram a realização de redações, que levaram os alunos a refletir sobre a condição das escolas e dos convívios, antes da palestra, o que - como é pedido no Projeto - permite que os alunos cheguem já com alguma boa semente nos corações;
  • Organizaram de forma impecável o auditório para a palestra, reunindo o pessoal da tarde e da manhã no mesmo evento, e ainda tiveram o cuidado, para que eu não caísse de nenhuma cadeira, como andou acontecendo por aí (rsrsrs), de providenciar um pequeno tablado, que facilitou meu trabalho.

Nota dez!



JÚLIA, DIANA E SUAS LINDAS CARTAS


 
Diana e Júlia são duas irmãs que estudam na EM Amélia Antunes Rabello. Elas me escreveram duas cartas que me comoveram muito. Primeiro, por serem cartas! Escrever cartas é uma arte antiga que esta geração de internet e pressa desconhece. Papel, caneta e carinho, fazem das letras instrumentos de sentimentos bonitos, como os que essas lindas irmãs me transmitiram.

Quando a Profª Aparecida Abreu me mandou essas cartas eu as li com uma ponta de lágrima boa, lágrima de sol no canto dos olhos! Pedi autorização para publicar e a Diana e a Júlia me permitiram, por isso faço a partilha para que vocês curtam essa escrita bem feita, trazendo sentimentos bonitos, sonhos esperançosos, projetos de vida!

Parabéns, Júlia e Diana! Obrigado pelas generosas palavras. Deus abençoe vocês. Jamais desistam, por mais que haja dificuldades! Sejam fortes, sejam firmes, sejam vencedoras!

sábado, 11 de maio de 2013

NOVO DEPOIMENTO

 
"Olá Denilson!!! Sou professora Célia (da Escola Rosemira e da Dom Cintra). Não poderia deixar de falar. Sua palestra hoje (10/05/2013, na Dom Cintra)  foi algo "sem explicação"!!! Alunos chorando... pedindo desculpas... agradecendo.... equipe se abraçando....
Enquanto fazíamos a oração, eu chorava e observava o mesmo em vários alunos; principalmente em alguns que "precisavam" de tudo o que ouviram...
Queria dizer que foi MARAVILHOSAMENTE FANTÁSTICO!!!!!!
Depois que você saiu, já começamos a pensar em um Projeto de Paz, unindo todas as disciplinas. Acredito DE VERDADE na equipe e nos alunos!!!
OBRIGADA mais uma vez!!!!! Você é uma daquelas pessoas ILUMINADAS!!!!!!!!
Um forte abraço
!!!!!"
*.*

Quer mais depoimentos? Clique no 3º box da coluna à direita
"Depoimentos sobre o Projeto"

sexta-feira, 10 de maio de 2013

SER DO CONTRA

Denilson Cardoso de Araújo

Quando se adquire certa consciência de mundo, deve-se estar preparado para ser. Existir em plenitude. “Ser” traz solidão, muitas vezes. Aprender a ser só, avisou um poeta. Aprender a só ser, retrucou outro. Aprender a ser, digo eu, sem hamletianas dúvidas. Ser. O que implica ser adversário do “não ser”. Ser do contra. Contra o “não ser” que é a mediocrização da sociedade brasileira, a imbecilização dos adultos, a idiotização dos jovens. E para isso, imperativo é ser contra a entrega de nossas crianças e adolescentes ao hedonismo irresponsável. Ser contra pais que empurram filhos ao sexo precoce. Ser contra a mídia que estimula, o governo que ignora, a sociedade que se omite.

É preciso ser contra o fim do amor platônico, romântico aprendizado que precedia de forma deleitosa e necessária os “vamos aos finalmentes” nos relacionamentos adolescentes. É preciso ser contra crianças grávidas de crianças. É preciso ser contra o “quadradinho de oito”, este último degrau da decadência nossa, que produz searas de meninas cachorras. Vexame brasileiro que lei infeliz acelerou quando deu ao funk adjetivo de “patrimônio cultural”.

De que adiantam Leis Maria da Penha se a gente permite o adestramento sexual infantil? Não é difícil ver a conexão entre sexo precoce e maus tratos. Mulheres que pariram ainda meninas, frequentemente acabarão em relacionamentos ruinosos que destruirão vidas, suas e dos filhos. Desenlaces ruidosos, agressões físicas, filhos selvagens.

Sistema de dominação perfeito, bolou o status quo: sexo precoce. Não precisa droga na água, dispensa pílula de diária hipnose. Hormônios, o próprio corpo produz. Basta ativá-los antes da hora. Doses cavalares de pornografia, funk da ruína completa, novelas com periguetes e vagabas de plantão. Tudo sem controle. Afinal, “é intocável a liberdade de expressão”, e “pais é que devem orientar seus filhos”. Ora, temos pais zumbis, já antes adestrados na inércia moral e na frouxidão familiar. Padecem esse desvirtuamento da liberdade de expressão transformada em licença para matar. Matar infâncias, destruir inocências, fazer meninas-monstro, crianças maquiadas como profissionais das calçadas. O sexo precoce produz gente, mas extermina cidadãos, na mesma assustadora proporção dos nascimentos.

Atendi Lorraine, a quem concedo nome que foi moda. Queria ajuda. Beirava 30 anos, talvez, mas desprovida dos encantadores mistérios de Balzac. Tinha rude vida, inscrita na cara vincada de dores. Falava para dentro, baixos olhos baços. Bela já fora, se via. À mesa, põe seu problema. O dente. Faltava-lhe, na frente. De ajuntamento em ajuntamento desde a adolescência, terminara com 04 filhos, de pais diferentes. Moradia de favor em casa da derradeira sogra, entulhada num minúsculo quarto com a prole. Aturava gemidos da amante do companheiro no quarto ao lado. Humilhação para evitar o debaixo da ponte. E espancamentos. Ameaças de perder filhos. Um soco extraiu-lhe o dente cuja falta impedia o sorriso. Ela implorou. Que o covarde ao menos devolvesse seu dente, eis que, catando-o ao chão, aos deboches, o sujeito ameaçava atirá-lo na vala fétida. Que devolvesse, demandava ela, daria jeito de alcançar piedoso dentista que o colasse no lugar. Mas nessas horas, piedade inexiste. O dente virou esgoto.

Lorraine não era cidadã. Um não-ser que desconhecia direitos, Maria da Penha, ECA, Delegacia da Mulher. A patrulha policial debochou dela, que briga de casal não era bem vinda. Mas ele me tirou um dente, rogou, meu olho está roxo, mostrou, há hematomas no braço... Nada. Agora ali, se arrastando em sandálias de dedo, “descidadã” completa, depois da caminhada de horas, perdida, sob o vento da serra. O que pedia? Direitos? Justiça? Não. Queria só repor um infecto dente na boca.

A impressão de inutilidade me invadiu. Dente pequeno, perto da grande desgraça por trás do dente perdido. Para que dente em boca que, além de frequentar a fome, parecia que jamais resgataria um sorriso? Com ouvido atento e escolhidas palavras produzi os rasos confortos possíveis, providenciei os magros encaminhamentos plausíveis, muito inseguro, que a rede de serviços nossa é uma certa Somália. E ouvi mais.

Lorraine tivera filha que ficara com a avó. Desconhecia pai, a hoje adolescente, nascida de “bonde de baile funk”, esse voraz genitor de prole tanta. A mãe lamentava a própria juventude cachorra “rebolando até o chão”. Porque soube que, no círculo vicioso do exemplo ruim, era a filha muito assídua e necessária ao baile da comunidade. Brilhava no palco já com seu muito peculiar quadradinho de oito. Porque dispensava roupa de baixo, disse Lorraine, envergonhada e perdida... sabendo que cedo seria uma avó triste.

Lorraine, que hoje é contra o funk, bem assinaria este parágrafo, caso soubesse escrever. É preciso ser contra este cio dado a crianças como diversão libertária, e que ao fim das contas é cárcere. É preciso sair da caverna da inércia e, sob o sol, perceber o mundo que se racha sob nossos pés em abismos bocarras de mastigar brasis, engolir futuros, vomitar não-seres.
 
denilsoncdearaujo.blogspot.com

terça-feira, 7 de maio de 2013

FOTOS DA E.M. BEATRIZ ZALESCKI

Foi muito legal estar com o pessoal da E.M. Beatriz Zalescki, na semana passada. Todas as palestras foram recebidas com alegria, entusiasmo e participação. Saí de lá muito confiante de que teremos, de verdade, mais uma "Escola da Paz!. Parabéns, à equipe da Escola, aos pais, aos alunos! Que Deus abençoe as iniciativas, que todos juntos mudem a realidade, que os professores e a equipe escolar sejam respeitados e que sejam efetivos educadores, que os pais reaprendam a exercer autoridade com amor, e que os alunos saiam definitivamente das fileiras dessa geração perdida que os cerca, para ajudar a mudar o rumo de suas vidas!.
 
Seguem bonitas fotos que a Escola colocou em seu perfil (Beatriz Zakescki) no facebook. Ficou curioso. Lá há muito mais. Vale a pena conferir.
 
Palestra com a equipe da escola:
 
 
Palestra com os pais:
 
 
 
Palestra com os alunos:
 
 
 
 



sábado, 4 de maio de 2013

COVARDIA

Denilson Cardoso de Araújo

Reza a lenda que favorecimentos eram obtidos pelas nossas forças militares na recorrência ao fantasma oferecido qual iminente ameaça: a guerra com a Argentina. Caducou o método. Mesmo que alguém pense vingar 1978, quando a AFA teria comprado dos peruanos dócil defesa e goleiro de manteiga para a goleada que excluiu o Brasil da Copa. Crack por craque, acho que ninguém mais pode invocar o argumento, nem por fins nobres como dar fim pelas armas à polêmica Maradona x Pelé. Hermanos somos, afinal.

Mas sombra de inimigo externo justifica absurdos. Diversionismo, que a própria Argentina usou, na ditadura que apodrecia. Uniu o país em luta pelas Malvinas, imolando jovens, no esticar a moribunda existência do mandonismo militar. Deu errado. Inimigo mal escolhido. A Inglaterra de poderosa Armada e Dama de Ferro evaporou a fumaça da cortina e a ditadura caiu.

Cortinas de fumaça são tática velha. Rolos de negra fumaça podem criar no adversário urgências sobre alvo falso. Facilitam ataque sobre objetivo realmente desejado, e acobertam manobras de tropa. Cortina de fumaça esconde algo. Sempre. A recorrente proposta de antecipação da idade de maioridade penal é cortina de fumaça. O que se pretende esconder?

Em primeiro lugar, a viciada compreensão que temos do Estatuto da Criança e do Adolescente. Repito pela milionésima vez. O ECA deve ser lido como lei de cidadania. Menores de idade têm obrigações legais, como todo mundo, perante o Código Penal, o Código Civil, a Lei Maria da Penha, o Estatuto do Idoso, a Constituição Federal, etc etc e etc. Dentre as obrigações legais de menores de idade está corresponder ao que o art. 1.634 do Código Civil determina aos pais: “dirigir a educação dos filhos e deles exigir respeito, obediência e serviços inerentes à sua condição”. Este item da lei é cotidianamente violado. O governo não o propaga, a mídia não o divulga. Pais não o praticam. O que dá crianças abusadas e jovens sem controle. Restituam a autoridade dos pais e não será preciso enjaular crianças.

Em segundo lugar, temos homicida sistema de informação e mídia que ajuda a desprezar idosos, infantilizar adultos, decepar a disciplina familiar, acuar escolas, desvalorizar professores, e extirpar a posição hierárquica do adulto na sociedade. Dá-se ao “jovem” gelatinoso do mundo neoliberal ascendência desproporcional e ruinosa: criança e jovem tudo podem, adultos obedecem. É discurso sorrateiro, que diz prezar diálogo e democracia, mas que mascara o caos e impõe idiotização e mediocridade.

Em terceiro lugar, o mesmo sistema põe mulheres-cachorra e periguetes nas novelas, como modelos para crianças, ao som do pedófilo funk carioca. Resulta em crianças fisgadas pela libido, este fundamental impulso de todo vivente. Antecipam ao desenvolvimento do senso crítico e da capacidade de refreamento de impulsos de risco, o cio que cedo as põe priorizando o prazer hedonista, em vez da solidariedade. Logo, gravidezes precoces. Daí, filhos de mães de 11 anos. Entregues a sacrificadas avós, rumarão celeremente ao círculo vicioso da anunciada desgraça.

Em quarto lugar, o Estado em conflito com a lei, que descumpre o ECA. Órgãos de fiscalização não cerceiam a criminosa venda de bebidas para menores de idade. A educação pública é precária e faz linha de produção que abandona os dissidentes. Saúde, calamidade sem fim. O atendimento psicossocial é nada, frente à demanda. Não há leitos para dependentes químicos que precisam de tratamento. Apenas o ridículo número de 100 Varas da Infância para mais de 5.000 municípios. Conselhos Tutelares operando sem estrutura e capacitação. Jovens infratores abandonados à própria sorte em depósitos de maltrapilhos, sem as devidas terapêutica, escola e profissionalização.

Em quinto lugar, oculta-se que o ECA - que responsabiliza, sim, o infrator e não só por 03 anos, como se propaga – mesmo com tantos óbices, graças à abnegação de muitos, ainda alcança índice excelente de recuperação de jovens, no confronto com o Código Penal. Não é o menor de idade o responsável pela criminalidade num país de colarinhos brancos impunes. Revelou Eliane Brum, no excelente “Pela Ampliação da Maioridade Moral”, que crianças e adolescentes são, em verdade, as maiores vítimas de crimes. O número de ilícitos de que são autores são ínfimos no total da criminalidade. Apenas 0,09% dos adolescentes são infratores. E, ao contrário da fumaça alarmista que as TVs põe nessas cortinas, os crimes violentos de autoria adolescente sofreram queda expressiva.

E, por último... somos país que juntou seus miseráveis debaixo da lona podre da sociedade injusta, os adestrou em abismos e ateou fogo ao circo. Agora correm, crianças e adolescentes, tochas humanas, por aí. A fumaça da cortina sai de seus corpos! Espalham brasas, incomodam, queimam sedas da elite, cheiram a carvão, atrapalham a paisagem, são má propaganda em país de Maracanã lindo e saúde de chiqueiro. São holocaustos da nossa incompetência. E atribuímos a eles a culpa da desgraça! É covardia. Penal. E moral.
 
*.*
*charge de Latuff


 Pessoal do Escola da Paz: - É MUITO IMPORTANTE que todo mundo que já pegou alguma consciência durante o Projeto avance um pouco mais e perceba como as coisas estão complicadas.

Leia este texto, divulgue, compartilhe. Vão rebaixar a maioridade penal, o que é violência desnecessária e um erro grave.

Vocês, jovens, precisam parar de ficar de passageiros nesse barco que vai afundar!

Tem outros texto meu, mais completo sobre o assunto, que vc pode acessar, busque no meu blog http://denilsoncdearaujo.blogspot.com.br/ ou no google pelo nome "Maioridade Penal, uma questão ética" e "Pequeno Conto à Guisa de Introdução ao Tema da Maioridade Penal".

Informe-se. Reflita. Aprenda. Compartilhe. Divulgue! Lute!

ATUALIZAÇÃO DA AGENDA

Só republico porque razões de força maior obrigaram a alteração no horário da palestra do dia 14, na EM Luiz Carlos Soares, de 07:30 para 08:30hs

26
09:00
ESC PAZ – Beatriz Zalescki -
Profs
27
SAB



28
DOM



29
19:00
ESC PAZ – Beatriz Zalescki
Pais
30
09:30
ESC PAZ – Beatriz Zalescki
Alunos
MAIO




01

Feriado – Dia do Trabalho

03
09:30
ESC PAZ – Manoel Cintra

04
SAB



05
DOM



06
19:00
ESC PAZ – Manoel Cintra

07
15:30
ESC PAZ – Fábrica do Saber
Profs
08
19:00
ESC PAZ – Fábrica do Saber
Pais
09
10:00
ESC PAZ – Fábrica do Saber
Alunos


15:00
ESC PAZ – Fábrica do Saber
Alunos
10
09:30
ESC PAZ – Manoel Cintra
Alunos
11
SAB



12
DOM



13
18:30
MISSÃO AJUDAR – Três Rios

14
08:30
ESC PAZ – Luiz Carlos Soares
Profs
15
18:30
ESC PAZ - Luiz Carlos Soares
Pais
16
09:00
ESC PAZ – Luiz Carlos Soares
Alunos
17
09:00
ESC PAZ – D Pedro Alcântara
Profs
18
SAB



19
DOM



20
10:00
ESC PAZ – D Pedro Alcântara
Pais
21
10:00
ESC Paz – D Pedro Alcântara
Alunos
23
09:30
ESC PAZ- Mcpz Sta Terezinha
Profs
25
SAB



26
DOM



27
18:30
ESC PAZ- Mcpz Sta Terezinha
Pais
29
13:00
ESC PAZ- Mcpz Sta Terezinha
Alunos